13.1.09

acorda!


***

Ela havia decoberto a beleza que se morava no girar da corda. É. aprendeu a pular corda. Digo aprendeu porque sentiu como se sentiu daquela primeira vez que viu a corda passar sobre sua cabeça novamente sem levar um tombo, era quase como a primeira vez, seria se não tivesse sido. Em anos se perguntava se conseguiria, as palavras eram murmuradas baixinho numa fila no supermercado enquanto observava uma caixa que continha uma corda- -imitação das clássicas -- e a imagem de uma moça se divertindo e pulando... Pensava também que seria uma besteira voltar a fazer algo tão... infantil. Pera lá! Gritava ela mesma para que sua identidade a ouvisse, pera lá e não se mate por isso. É uma corda! Agarre, porque é pra isso que ela serve e vá contente pra casa. Não sabia se era meu eu consumista ou meu eu criança, explicou mais tarde ao filho mais velho que já estava com seus catorze anos, mas agarrei a bendita. E enquanto sentia aquele calor nas têmporas voltava a pensar que era criança, como se nada nesse mundo realmente tivesse alguma ligação ao tempo.


***