4.6.07

we all wait for...



a gente espera por algo.

espera sem contexto, sem direção.

espera com nomes diversos, espera por esperar, por loucura, diversão ou sem razão.
a gente espera sem sentido, parado no tempo esperando o tempo chegar e te tirar dali. a gente espera sem esperar, com pressa, arrasado, quebrado, com umas pratas no bolso ou no calção. a gente espera sem meia, sem documento, sem lenço, sem sangue nas veias e nas artérias, sem oxigênio para as células...
a gente espera por miséria e quando ela chega, sem nem meio jeito ela se acanha e logo se despede, com as mãos abanando, assim no bom e velho estilo miséria de ser. a gente espera por dúvidas, porque elas nos enchem de certezas. a gente espera por meias verdades porque elas demoram para serem descaradas. a gente espera por coisas que mal a gente sabe, já estavam esperando pela gente, antes mesmo de estarmos aqui.
esperamos por cores e formas, das mais variadas, das mais quentes e frias, querendo mesmo encontrar nisso tudo uma boa razão pra continuar esperando.
a gente espera medidas comedidas, entregas pela metade, despedidas azedas, beijos partidos, rejeições realistas, interferências morais, abraços vazios, copos cheios e copos vazios...
a gente quer farra, fama, falta... a gente espera por nada.
esperamos tanto que ao sentarmos nesses bancos de praça pra esperar a vida passar, a coisa toda já passou e você esqueceu de aceitar.
esperamos, esperamos, esperamos...
queremos compartilhar esperas frustradas.
queremos dividir o que nos frustra, o que nos humilha, o que nos maldiz.
queremos mais do que isso, queremos aceitar que não somos mais do que giz colorido nesse quadro negro de onde saímos.
esperamos por essa maria fumaça pra que ela nos leve daqui pra qualquer lugar onde amar seja fácil. mas quando é fácil a gente corre e espera que na cidade mais próxima tenha algo mais difícil ainda pra se querer...


*foto de sacha dean byian