8.4.07

to belong

entrar em uma calça que eu não entrava há alguns meses... que sensação estúpida de ser gente e ser gente é péssimo. a gente pega a bolsa e sente o perfume do óleo com algo que lembra pêssego que passou depois do banho, a roupa que nunca está do jeito que deveria estar, encara a cara no espelho e não para de pensar que esse não é o rosto que eu sinto ter... ou sinto? tenho? queria poder contar quantas vezes não me preocupei realmente com nada disso. mas tem uma camada de algo que não sou eu que se preocupa e quando digo que não sou, é porque não é! é uma sensação ridícula que veio com esse corpo, sem culpa, sem pedir licença, sem tirar senha e sem mesmo sussurrar baixinho do jeito que eu gosto, no silêncio entre o solo de guitarra do frusciante e do tisss do prato do smith. nada, o corpo simplesmente veio e agora tenho que cuidar dessa coisa! e o pior é que eu nem ligo! que estranha que habita esse mundo quando não deveria estar nele? essas linhas tão finas, esses gostos tão próprios, esse ar de não perencer. essa palavra sempre foi minha favorita... "belong"... e eu não consigo nem pertencer porque nem consigo falar essa palavra, pois não há nada para se pertencer e porque eu não consigo dizer "eu", pois não sei ao menos o que faço aqui...
nesse hoje, nesse instante, nesse ar que não sou eu, a quem não pertenço.