26.4.07

di.rectly.di.rexit



ele estava preso na cadeira e a cadeira era muito confortável. era perfeita a vista de onde conseguia ver mas queria mais e não se continha porque seu coração batia em um ritmo acelerado e perplexo, esperando o tempo correr. um impulso elétrico estremeceu seus dedos, os olhos se fixaram na tela e de repente a energia gerada virou ação. os dedos teclaram freneticamente, a testa suada não importava e as pessoas em volta não prestavam atenção. ele tinha que deixar aquilo vir, do jeito que não viria se estivesse deitado ao leito de um rio observando as folhas caindo na superfície da água... ele tinha um propósito. zumbia em seus ouvidos algumas palavras, jogadas e soltas que quando viravam letra faziam questão de ter juízo.
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"não diga o que sente mas sinta. se a pressa é grande deixe-a passar, ela tem urgência e não é a toa. se o dia é curto pra cantar vitória, cante ao amanhecer... o sol sempre quer ouvir coisas novas, pulmões cheios de ar dourado, cheios de amor quente pronto pra ceder. dê uns passos em volta de si e saia de si. porque fluir é termo, viver é o meio."
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aquilo era uma voz distante.
era um aquilo ou aquela? era de onde ele vinha ou de onde acabaria indo...
ele tinha certeza daquilo mas não saberia explicar se precisasse. talvez porque não precisasse realmente e tinha gente que entendia por
ele, tinha gente que andava com a mesma pressa que ele, tinha gente com o mesmo pensamento longe que o dele e tão perto... tocou o telefone e tocou o copo. do copo a mão foi para a mão, foi para a cintura. da cintura o próximo e longe se mesclaram em cores de um céu preto e com poucas estrelas... não tinha nada não, ele pintava o céu com ela do lado... ele se parte em dois e esses dois tem vida própria, o humor é fruto de coisas do mundo que ele não precisa digerir, os dois são um afinal. correndo atrás dessa pressa... correndo atrás e deixando com que ela o persiga... irremediável meu bem.
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"é seu tempo de viver na pressa por dias de cores inventadas por você"



a voz era firme, precisa e era dele.
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-primeira foto tirada por mim, Alice Salles,
segunda foto tirada por Felipe Belão Iubel
Modelo: Diogo Gameiro.