4.4.07

"jupiter"

Está chovendo e não se vê nuvens muito amigáveis no céu.

As árvores e os tons diferentes de verde mesclados com a casa em que ele e seus amigos estão, trazem à tona muitas memórias deixando impregnado no ar um certo tom bucólico ao ânimo do rapaz. "Alguém me disse que a arquitetura dessa casa tem um certo estilo espanhol"... Nada fazia muito sentido na cabeça dele, estava há um certo tempo misturando as peças que eram a casa, os amigos, a vida e os amores que ele nunca conseguiu juntar para se deliciar na figura completa, "o que seria esse quebra-cabeça assim que conseguisse unir tudo?" nenhuma resposta chegava e a pergunta também nunca se despedia.

Ele se sentou na mureta que separava o jardim elevado da área da piscina e ao olhar em volta para as montanhas mais a frente, o mar do outro lado e para a casa uma ausência de pensamento tomou conta dele. Apenas respirar era a sua necessidade e o cheiro fresco de menta dos arbustos misturado ao cheiro de pinho das montanhas e da brisa que vinha lá de baixo, do mar, faziam seus pulmões um lugar mais agradável para se viver. Ele costumava achar que vivia em seus pulmões, como se sua consciência estivesse presa ali e era ali, naquele pequeno muro que estava sentado que gostava de agradar os seus pulmões.

Os barulhos que vinham de dentro da casa o faziam feliz, mas mesmo assim nenhum pensamento passava por ele.

As risadas, as vozes tão familiares, o calor que ele literalmente sentia envolver sua pele quando sabia que aquelas pessoas estavam por perto era arrebatador e ao sentir tudo isso uma frase surgiu a sua cabeça, uma frase que parecia vir do além! "Nada faz sentido, apenas o sentido que se faz quando todos somos um"...

A sua testa franziu, seus olhos se fixaram em algum canto perdido da pintura já descascada da mureta e seu corpo todo congelou. Nesse momento as vozes sumiram. O som dos passos de dentro da casa também.

O calor que ele sentiu na pele havia desaparecido completamente e com o rosto assustado se levantou e caminhou até a porta de vidro que estava fechada. Puxou a porta que rolou dificilmente para o lado e entrou, ao perceber que estavam todos ali quietinhos e sentados no chão enquanto um acendia a lareira, o outro embaralhava as cartas e o terceiro se encostava confortavelmente contra a poltrona seu coração voltou a ficar quente.

Estavam lá, junto dele e nada mais fazia sentido sem eles.