4.6.08

nonsense noturno

Eu não tinha experiência com os cantos. Não prestava atenção nas nuances, nos fins, os retângulos não insistiam em presença alguma, não havia sinal de familiaridade, intenção nem resistência...

Eu me fiz presente sem prestar contas – o sonho dos grandes predadores de sonhos – perder tempo nunca foi um tópico em minhas pesquisas ou minhas dissertações. Desembrulhei o presente reembrulhado no papel amassado que amassei ao rasgá-lo em pedaços. Não estava mais ali. Por alguns instantes, posso dizer até que foram alguns longos minutos, me sentei e observei minhas mãos ainda na mesma posição sobre o embrulho, o brilho viscoso do papel me enjoava, mas não ousava me mexer mais do que o necessário para respirar... O tempo parava e nem pensar eu pensava.

Jogado no canto da sala... Lá ficara o embrulho desembrulhado, o papel viscoso amassado rebuscado em minhas lembranças. Não percebeu o que passou e me tomou por morta, assim cometendo um grande erro...

Não existiria mais sossego enfim, nem para o canto da sala, nem para mim.

4 de Junho 2008