9.8.06

super-mercado

eu, presa nesse supermercado. allen avisou mas não conseguiu me deter. eu, aqui, presa nesse supermercado de gente, supermercado de informações e de gente. lotado. o que o antônio banderas faz em pé na porta? não sei! sempre tive essa ilusão de que essas portas automáticas um dia entrariam em pane e deixariam todos trancados do lado de dentro. tenho fobia de portas automáticas. por todos os lados as pessoas parecem preocupadas com qualquer coisa que seja simplesmente alheia a felicidade. tudo se resume em uma eterna vontade de ter mais do que se dá pra levar, dentro daquelas cestinhas sujas, dentro daqueles carrinhos velhos... esse supermercado tem o teto assustador. é alto e é branco, pra dar a impressão de espaço livre... livre? não, só de espaço. tudo está vivo no supermercado. as latas de leite condensado, os pães e até os materiais escolares estão passeando por aí, tomando conta da gente com esse olhar suspeito de quem diz que está muito triste fazer parte desse mundo do um minuto. um minutinho pra ir, outro pra voltar. um minutinho pra acabar, pra começar, pra amar, pra querer e pra não querer mais. um minuto pra saber, um minuto pra deixar pra lá, um minuto pra sentar e chorar. mais um minuto e todos os minutos viram um minuto pra quem não liga pra um minuto a mais ou a menos, enfim, um minuto apenas e eu já vou me retocar... esse mundo não tá pra peixe, mas o supermercado está! e ele vive só pra me assustar e pra me deixar perplexa com a cara do mick jagger no poster, com a hello kitty copiada e colada em todos os cantos, com a assolan recriada em série por todos os lados... agora chega! eu vou pra longe daqui...