16.8.06

sobre a vivência do ligeiro

desde o dia em que eu larguei minhas botinhas da xuxa no armário a auto-piedade tão confortante fez o favor de bater em retirada, de quebrar o sigilo e dizer que tudo aquilo já não bastava mais... que perigo que eu passo todos os dias assim, tão entregue ao simples aconchego do que eu chamo de amor. que sem critério algum, se instala na minha pele e em todos os meus órgãos como um parasita implacável. o amor. que vive de mim sem pedir licença e se alimenta daquela falta de escolha, da vida breve, da paixão desmedida... do querer pra sempre e do que é pra durar só hoje. desse jeito, não tem jeito pra mim. o muito do fogo que eu acendo é o pouco de braços abertos que falta em quem meu coração desmedido aprende a nutrir... eu aprendo a nutrir e o coração que recebe a vida do meu seio aprende a recusar. a eterna lei primeira do homem: sobre-vivência. "sobreviva, minha querida. não pertença à vida, deixe com que a vida seja algo assim... passa(li)geiro."