27.9.10

sobre o calor



- Cansada. Seus lábios pesavam irreverentemente, a pele transpirava como se a dor de se carregar todo o desejo do mundo não fosse incrível o suficiente. Como se tudo o que se deseja não fosse nunca o suficiente.

Ele notava o coração palpitante no pescoço, a pele ainda eriçada. Percebia a respiração aparentemente calma que com angústia revertia o pequeno nariz dispendioso em templo temporário. Gostava do olhar pesado que ela sempre teve, um peso de tudo aquilo que encharca sem deixar derramar.

Ela não deixaria derramar, não para qualquer um.

Duas pernas de fora e um calor de se rasgar a roupa por alívio. Suas duas pernas que andariam o que fosse por ele. Ela de fato nunca admitiria... duas pernas prontas para largar tudo por ele e pelo suor do seu corpo. Ela, toda pronta para confundir-se com a química do suor dele...

As mãos nervosamente procuram pela página perdida no devaneio.

(Sonhar tão grande e grave deveria ser coisa para algum quarto escuro...) -