21.8.10

because the evening i've always longed for...


*** eu. eu que gasto horas da minha noite, do meu dia, do meu sono, do meu sonho com tudo aquilo que me faça chorar.

não, o chorar não é o que me preocupa nesse exato momento, o chorar não é o importante. o sentir é. sentir-se inteiro de alguma forma que seja, mesmo que seja chorando já que todas as outras opções simplesmente se transformaram em leves visões de um mundo além do meu.

tudo o que eu quero, eu quero inteiro, mas deixo passar por inteiro. por amor a liberdade do outro, por amor a uma vida que não seja a minha mas que seja repleta, eu deixo tudo aquilo que amo ir. como se asas fossem tudo aquilo que eu pudesse dar a alguém. a todos.

o teclado. ele é o único que permanece quieto, a espera. a espera é seca e bruta e quase entorpecente, eu a conheço tão bem... e é quando a espera aperta os punhos, retruca em voz mais alta do que a sua e te joga contra o chão que o choro é o único abandono seguro, a única voz que acalma mesmo que silenciosa.

o choro é tudo o que no fim, tenho.

mas então que eu desejo não dar asas a ninguém. não reverter amor inteiro em amor de lembrança, fazer com que o agora se transforme num amor de hoje, amanhã e até que a morte nos separe.

mas a morte vem, e a separação é irreal. a dor é mais real do que tudo. o choro. não que eu saiba do que estou falando afinal saber e acreditar são todas facetas removíveis desse boneco que somos nós. esses bonecos bestiais. bestas. esses pedaços de pano, mal formados que de repente tomaram conta do mundo.

eu quero um tempo. um tempo para me distanciar de tudo o que eu deixei livre pois por deixar livre acabei me agarrando a qualquer coisa que havia sobrado: um pouco do cheiro, uma peça de roupa, uma carta, um beijo.

quero que tudo o que tenha sobrado vire o resplandecer de um por-do-sol contra um oceano azul esverdeado de um sonho bom. quero que o que eu tenha e o que eu seja, seja de fato inteiro e por inteiro como eu, que tudo o que seja, seja meu.

na verdade, é só isso o que eu quero e por querer o que quero sei da grande possibilidade de tudo isso não passar de um projeto bobo, infantil, ingrato... mas não. o querer é o que sou. o querer é o próprio núcleo do que eu sou e por conseqüência tudo o que importa.

(entenda, se a dor não investigar todos os cantos do que sou e não responder por mim, o meu buraco e o meu vazio nunca chegarão ao fim. a luz. eu só quero alguma luz.) ***