19.8.07

flamingo

ela tinha dez unhas afiadas, cantavam agudo na terra do nunca...

os sapatos, dizia o que gostava do baixo, faziam sons interessantes - algo que ele talvez quisesse usar em alguma nova música. enquanto davam os exatos quatro dólares e cinquenta e sete centavos ao coreano que não vendia fiado, o que gostava das teclas brancas e pretas e do peso de suas mãos no piano, observava quieto e de lado - pra não dar na cara - os olhos dela que sorriam pra ele.

ela era diferente e por isso o que gostava do baixo perguntou denovo da onde ela vinha...

-nossa! você conseguiu ser o melhor de todas as culturas!

ela nunca tinha ouvido isso e aceitou como um elogio. o que gostava das teclas pesadas continuava olhando e pensando quieto... o tempo que havia passado era longo, mas a sensação era a mesma dos dois minutos que de tão bons tinham que ser eternos, mas nunca eram o suficiente.

ela andou de volta pro lugar que não lhe fazia feliz mas que era temporário e esperou que aquele que gostava das teclas brancas e pretas, gostasse dela também.

(mas quietinha, porque até as corujas da terra do nunca observavam a moça das unhas afiadas descendo as ruas, serena e querendo só um pouquinho mais...)