16.11.10

vinte e seis, dezoito, dezesseis anos... é tudo a mesma coisa.


Eu? Eu gosto de livros na estante, de cores infinitamente mais delicadas do que as minhas cores naturais por todos os cantos, da música alta chorando baixo entre quatro paredes e prefiro os perfumes úteis. Sim, é o que você ouviu. 

Pois no dia treze de novembro de dois mil e dez fiz vinte e seis anos, se isso ainda importa? Não sei. Desde quando completei dezoito anos parei de perceber... aliás, tudo mudou quando fiz dezesseis e por ali parou. Acabei sempre sendo uma continuação das mudanças que propus para mim mesma naquele ano e a partir dali, a vida surgiu de maneiras (quase) óbvias e ao mesmo tempo tomou rumos indistintos. O centro, o miolo, a raiz continuam as mesmas... por sinal: a mesma. Uma cumplicidade do mesmo inteira, cheia de ramos que unidos engrossam, encontram força e buscam pela superfície... do que? De mim mesma.

O desejo, o intuito, a razão sempre foram um. O resultado, o fim do túnel, o pote de ouro no final do arco-íris sempre teve um nome e o nome sempre foi o mesmo, nunca mudou a cor, o jeito, o cheiro como o tempo insiste em querer que eu acredite... o tempo não mudou desde os meus dezesseis anos, os olhos observando num canto da minha janela, as mãos prontas para me apoiarem assim que a queda fosse iminente... ah, dez anos se passaram e por mais que tenham passado, os meus dezesseis anos vivem confortáveis dentro das minhas veias...

Meus dias nunca mudaram apesar de terem mudado radicalmente. Meus prazeres, minhas vontades, minha beleza que toma formas diferentes, sempre, continuam as mesmas e a geografia por mais que grite 'alice doesn't live here anymore!' está brutalmente enganada. Sempre vivi onde vivo, desde os meus dezesseis anos...

Pois, vinte e seis. Vinte e seis em um treze de novembro de dois mil e dez é algo para ser marcado, não porque qualquer coisa tenha mudado.... mas precisamente porque nada, nada realmente mudou - e isso é bom.



***