1.12.07

diante dela

o quarto estava meio escuro,
as mãos escondidas nos bolsos da jaqueta.
o pano fino das calças não aqueciam,
o cheiro era de livro velho,
largado em cadeira vazia...
ele vinha com o tempo de
quem não teve tempo de trocar de paletó
e sua barba não era aparada há alguns bons anos
- mas que beleza! -
ela dizia,
o dia escurecia rápido,
lá fora chuva
como ninguém via
fazia mais de uns trinta dias...
os pés param, diante dela, a barba parou, diante dela,
a voz enfureceu, diante dela,
as mãos dialogaram, diante dela,
entre suspiros ele contou causos
diante dela,
e ela entendeu ali,
diante dela mesma,
o sol surge entreatos, diante dela.