31.8.08

sobre barack obama




"eu precisei usar barry ou algo diferente porque convenhamos, 'barack obama' era de matar"*

eu passei o dia 28 de agosto de 2008 inteiro no maior estádio de Denver, 85 mil pessoas e uma delas era eu, embaixo de um sol que me lembrava algo parecido com o inferno aguentando qualquer macaquice alienada para alcançar os últimos momentos daquela noite que, ainda bem, foi especialmente único. era aniversario do discurso do reverendo Martin Luther King, seu filho que tem o mesmo nome e sua filha Bernice (linda, alias) foram ao palanque prestando homenagem ao pai, mas mais do que tudo a um homem que até ontem era só mais um alguém. um rapaz que aparentemente lutou a vida inteira pelo o que eles chamam de "underdog" e que reergueu uma comunidade destruída pela pobreza e miséria, fazendo com que uma jovem advogada que se esforçava pra pagar as contas da faculdade se apaixonasse perdidamente por um tal de barry obama - porque barack obama era de matar. confesso que, apesar de minhas esperanças anteriores serem fortes, elas acabaram ficando maiores ainda. sei que muitos irao dizer que foi um produto do coletivo, diriam que não é fácil ir contra 85 mil pessoas que estão la com a mesma finalidade: acreditar que aquele que até ontem era um zé ninguém, vire um alguém com poder e com o coração não mão ao contrario de muitos outros presidenciaveis estadunidenses. entendo o asco de muitos em relação a politica norte-americana, e o profundo desprezo pela mentalidade de um tal de tio sam que nem mesmo quem nasceu neste solo conhece bem, mas o buraco é mais embaixo - ou mais em cima? pelo o que eu percebi, não só por quem é próximo a mim mas também por algumas das pessoas que conheci nesse meu tempo vivendo nesse pais, o mundo foi bombardeado por uma cultura americana fora de contexto. uma cultura criada, especificamente para viciar, inutilizar e escravizar uma consciência que antes tinha forma, mas que agora esta quase nula, quase tao primaria quanto a de um primata e sem esperanças de se reerguer. como no Brasil e em muitos outros lugares, se você se aventura pelos interiores desse pais imenso - que tambem é imenso por ter sido imperialista o suficiente para agarinhar terras de outros países na base do terror bélico - percebe que as pessoas que trabalham por puro amor à terra - não ao governo ou quem deveria ser seu representante la fora - não entendem e não tentam entender o que aquele homem de terno, nadando no petróleo e no dinheiro que aparece na caixa colorida da casinha da avo, quer dizer ou fazer com tanta bobagem inútil naquele fim de mundo, sim porque qualquer interior de estado norte americano é o fim do mundo. a cultura, verdadeiramente "norte- americana" é ainda algo estranho. que se divide entre aqueles que não querem fazer parte e que vivem suas vidas quietos, a sombra de seus próprios valores e aqueles que estam ativos, gritando alto para qualquer um ouvir que tem algo de errado aqui e que aos poucos perdem qualquer vontade de continuar lutando... parece familiar? é o que penso. ainda existem aqueles que como aquele homem de terno tem feito há alguns anos, estão se dando financeiramente muito bem com a ignorância ou o desespero de sua própria gente - se é que essa camada da população tem algo a ver com essa gente - e que esta fazendo de tudo para continuar no poder, vendendo sua cultura realmente enlatada e fora da realidade para todos que ainda teimam em compra-la... bem, o que presenciei no inicio daquela noite do dia 28 de agosto de 2008 - que já entrou para a historia - foi um homem que como muitos cresceu fora do olhar do tio sam e sobre o olhar doce de uma mãe que acreditava que o mundo é de todos nos e não do dinheiro ou do poder. filhos de mães como essa são sempre filhos bons e talvez é isso mesmo que uma nação que perdeu a identidade e que se agarrou a um grande truque de marketing precisa nesse momento, um filho bom que volta para a casa pra por ordem no barraco.


*obama contando como conquistou sua mulher, Michelle na video-biografia antes de sua entrada na convenção.


***

26.8.08

coisas novas, coisas mil


muita coisa acontecendo AQUI....
muuuito trabalho, muitas noites em claro - e muita verdade inventada tambem!


***

25.8.08

ao mestre com carinho

-ai, você já chegou!
-sim... achou que eu fosse atrasar?
-vou mentir se falar que não...

-que bom que você não mente, mas eu tava afim de vir mesmo, não vou chegar atrasado!

-otimo!

-também acho.

-como cê ta?

-não da pra reclamar... ou da?
-da sim.
-ok.

-comigo pode.

-então vou ser sincero.

-manda.

-to bem coisa nenhuma, como sempre.

-join the club...

-espertinha.
-to usando tua frase.
-eu sei!

-mas o que acontece?

-não sei... eu acho que parei de acreditar.

-sim... mas achei que você tivesse parado de acreditar há mais tempo atrás.

-você se lembra?
-sim...

-então eu não posso mentir, parei de acreditar há um bom tempo!

-rá rá rá rá rá
-você ri engraçado. faz aqueles oincs!

-ah, para...
-acho que a ultima pessoa que riu assim pra mim morreu engasgada!

-
rá rá rá rá rá
-hahahahahahaha

-voce ri quietinho, mais engraçado ainda.

-você que sabe.
-sei!
-quer café?

-eu que tinha que te perguntar isso!

-ta, pergunta.

-quer café?

-quero, muito obrigado viu!

-você me mata.
-achei que tivesse te dado a vida!
-
rá rá rá rá rá
-ai, não ri! não quero perder o resto de auto piedade que eu tenho.

-eu te mato!

-não fala assim... te dou um premio se você parar...

-e qual seria o... 'premio'?

-o que você sempre quis...

-a paz mundial?
-não posso garantir isso... o que mais você quer?
-você bem?
é sempre uma delicia!
-...
-...

-cade meu café?

***

23.8.08

Denver - Democratic Convention


eu moro em Denver durante a convenção democrata (ou democrática?) nacional em... Denver, cidade onde tudo vai acontecer a partir de HOJE. Obama, aparentemente é a maior brecha que o povo já teve dentro do governo americano e hoje ele anuncia a escolha do seu vice presidente. eu moro em Denver e vou a assistir a milhares de pessoas vindo de todos os lados para essa parodia de democracia. por causa do grande movimento e do grande tumulto que aconteceu em novembro de 1999 em Seattle (WA) em uma convenção da WTA (World Trade Organization - outra grande babaquice) todo o estado estará voltado para assegurar que NÃO HAVERA PROTESTOS em volta do estádio onde acontecera o evento. Varias das ruas e avenidas em volta do lugar vão estar completamente vetadas para protestantes e os únicos lugares onde não é proibida a movimentação popular, é a quilometros dali e novamente tudo isso é uma grande babaquice. sabe porque? porque isso tudo é desculpa pra MAIS protesto. e pra que tanto protesto, você me pergunta quando Obama é claramente o mais consciente candidato e muito mais popular do que o porco nojento e filhinho de papai que acha que é liberal e nao passa de mais um do McCain? porque nos todos sabemos que mesmo que nosso querido Obama ganhe a eleição (rá rá rá) não será ELE quem irá governar e não será dele o governo da mudanca - ou será? será culpa dele ou nossa se não for? e porque eu dou tanta importancia a isso? não sei. eu moro em Denver, estou aqui hoje no primeiro dia da Democratic National Convention e eu vou assistir de camarote a tentativa de democracia tanto por parte de quem comanda e não sabe como de quem quer comandar e não tenta, atuando como anjos da paz e da guerra em uma semana ensolarada de agosto. estou em Denver...

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*whom I love and I hope will win...

21.8.08

o meu lado boa moça*


Roubei isso aqui do meu amigo Paulo Barbosa que é um talento só e que tem um blog, tá aqui (clique no aqui)! Só pra mostrar que eu sou (mais ou menos) boazinha...




(clique pra ampliar)



*o título da postagem dele com essa imagem é "o meu lado bom moço"

vamos falar sobre a maldade


Eu não consigo me acostumar com a ideia de que as pessoas não entendem que os melhores da musica, da literatura e da arte em geral são em sua mais amalgamada camada interna, pessoas MAS. Deixe-me explicar meu raciocínio - que não tem nada de raciocínio, é somente uma forma de sentir o que eu já sinto e tentar assim trazer mais adeptos as minhas praças. O que se passa é que quem é bonzinho demais, tem o olhar doce demais, só fala palavras bonitas, tem acessos de gentilezas demasiados coerentes, é super humanitário, prepara ensopado pra quem não come a meses, sorri a todos com a mesma carinha de sensível de um urso de pelúcia não possui na pele o habito de ser malicioso, de conhecer mais do que um mundo de belezas, mas um mundo de devaneios e profundezas inéditos pra quem é simplesmente bom. O bom, no sentido moral da palavra - ou não, pode também ser amoral o bastante pra ser tão bom que ultrapasse qualquer bobagem dessas - não tem gosto de dor na boca e nao tem as sobrancelhas tortas, apesar de também poder ter sofrido muito anteriormente, não possui aquela ruguinha sobre uma sobrancelha constante que significa que nunca olha desconfiado pra ninguém. O bonzinho que pode ser bonzinho de todas as estirpes faltou na aula de como colocar uma camisinha na banana no colégio e esqueceu de participar do grupo de brincadeiras como gato mia e do copo com os colegas, nunca deu um trago num cigarro e nunca leu Anais Nin. O bonzinho nunca ira gostar de Billie Holiday e nunca vai entender no seu sangue ralinho o ritmo mais quente e mais visceral de todos. E quem e bom? Bom no sentido de fazer arte com todo o seu corpo e vontade? Só quem experimenta morder a própria língua, comer literalmente apenas o pão que o diabo e seus senadores amassaram e ferir alguém que mereça só porque precisa ser o atuador do karma no mundo, porque quem é bom mesmo sabe no fundo que as leis naturais e feitas pelo homem só servem pra encher livros na estante.


***

20.8.08

sobre o hábito.

é difícil quebrar hábito, quebrar rotina.
quebrar qualquer que seja a corrente que te segure ao meio fio do entendimento. nós criamos essa máscara pra fingir que tem nome essa coisa que é nosso ser, e o que é exatamente isso? pode ser até nosso hábito! pode ser no fim de tudo a mesma corrente que se quebrada se reparte em mil pedaços e não volta nunca a ser um, só remendado, colado ou parafusado e aí perde-se a beleza de tudo... ou não? sei lá.

19.8.08

Clariceando


"Eternidade não era só o tempo, mas algo como a certeza enraizadamente profunda de não poder contê-lo no corpo por causa da morte; a impossibilidade de ultrapassar a eternidade era eternidade; e também era eterno um sentimento em pureza absoluta, quase abstrato. So­bretudo dava idéia de eternidade a impossibilidade de saber quantos seres humanos se sucederiam após seu corpo, que um dia estaria distante do presente com a velocidade de um bólido." *



*de Perto do coração selvagem


***

quero herói






Heroínas são retratadas pelo fotógrafo J.R. no morro da Providência no Rio.



E quando as luzes se apagarem, quando a terra se revirar e voltar a ser dona de tudo, quando os mares reclamarem e o céu de tão azul cegar quem restou, esses olhares padecerão sobre o morro. Com sangue lavando escadas e paredes, entregando à qualquer luz que queira levar, qualquer amor ou ódio que queira reinar, qualquer bandeira branca que enfim o povo irá hastear, os dias serão delas e deles e de todos aqueles que viveram a mais injusta das injustiças, porque não há como se viver sem pelo menos se agarrar à esperança desse fim.


***



18.8.08

o dia vazio

bom, eu nunca disse que tinha vergonha de qualquer coisa. eu sempre disse, mesmo que fosse só pra enganar a mim mesma que queria me preservar, mas do que qualquer outra coisa. isso sim, é meia verdade. meia porque também não é a verdade em si. tantas coisas que já foram ditas e eu releio até nas entrelinhas partes de mim, mesmo não tendo espaço pra entrelinha nenhuma, tem muita coisa que salta aos olhos quando eu releio o que leio por questão óbvia de sobriedade. essas palavras que sendo palavras apenas são inúteis, são meus fins e sem inicio eu parto, pra que lugar? sei la. acho que pra continuar enganando o vento frio sem querer chegar a lugar nenhum.

17.8.08

do post secret....


15.8.08

sobre o "if only"

***

devido às confusões que eu criei na minha cabeça, reuni os capítulos da história "If only" em um único blog
pra quem quiser ler...


ele está aqui .

***

tertúlia... essa é a minha contribuição.

esse é um texto meu que participa hoje
das tertúlias virtuais.
(tudo começou aqui, e foi parar aqui.)



água.

minha primeira lembrança com a água foi com meu pai. sim, a primeira vez que estive completamente ciente de que água era água e ela, por alguma razão quase mágica era especial foi com ele. da torneira ela jorrava, mas meu pai falava pra não deixar "é preciosa, não a gaste". ele também me contava que eu precisava tomar muitos copos daquela mesma água durante o dia. "pai, posso tomar da torneira?", "não filha" e eu ficava com aquela cara de espanto: "porque!?", "porque a água daqui é diferente da filtrada...", "mas porque!?"... sim, é difícil entender que a água em si é única, mas é diferente e é preciosa e não pode ser gasta e é comprada, mesmo sabendo-se que é o mínimo que o ser humano precisa ter pra se sustentar é... água!

meu pai já se foi há algum tempo, mas é essa a imagem que eu lembro quando penso no que mata a minha sede, torneira, pai e água. e todo aquele entendimento de não poder deixar a água "escapar" de nós ficou, me trazendo muitas dúvidas e questionamentos mais tarde, "porque meus amigos gastam tanto?", "porque tem aquele vazamento na rua?", "porque a conta da água é cara?" e assim foi... até eu descobrir que essas seriam só as primeiras dúvidas a rondar e cutucar meu ser...



***

14.8.08

amanha tem...



13.8.08

If Only - quinta parte

aqui esta a quarta parte.

era uma segunda- feira de manhã e camille já se irritava com o trânsito de manhattan. ao pegar seu celular percebeu que tinha duas chamadas perdidas, mas não quis ver quem era. ela tinha que pegar chave de seu novo apartamento no brooklyn com henry que infelizmente estava no centro fervilhante daquela metrópole multi-facetada.

o telefone toca novamente.

-alô.
-alô, senhora gallardo?
-meu sobrenome é galhardo, mas eu não sou senhora!
-desculpe! a senhorita é camille galhardo?
-sim, posso te ajudar com alguma coisa?
-eu sou a secretária do sr. jones e ele pediu que eu entrasse em contato.
-ah! está bem.
-você já está na cidade?
-infelizmente sim!
-ah, ok, ele pediu pra você parar no Abigail Café.
-e eu sei lá onde isso fica! ce pode me dizer?
-ah, claro... um instante.


camille ficou nervosa com a demora e muito mais com essa mudança de planos.

-senhora galhardo?
-já morreu!
-ah, desculpa!
-não se desculpe! me diga, onde fica?
-é próximo do jardim botânico...
-no Brooklyn!?
-sim!
-mas que raiva! eu to quase no centro!
-ah ok, senhora, preciso ir. qualquer dúvida você pode ligar no celular do sr. jones.
-mas!
-até mais!

a secretária desliga o telefone deixando camille mais do que indignada! "alguém tem noção do preço da gasolina, caramba?", era tudo que ela pensava. dirigiu relutante para o brooklyn e depois de quase duas horas de transito e confusão nas ruas, conseguiu achar estacionamento.

ao entrar no café, camille ficou maravilhada com o local. as paredes de tijolo quase sem acabamento, os detalhes dos móveis, todos antigos e muito bem cuidados. num canto em uma mesa pra dois estava henry. ele lia algum papel que parecia importante. a sua frente uma caneca também antiga cheia de café, intacta. "a cara dele... até finge que toma café..."

-camis!
-henry!
-sente-se aqui.

ele se levantou e puxou a cadeira pra ela, deu um beijo em seu rosto e a olhou com carinho segurando seus braços que de tão cansados pareciam se derreterem nas mãos enormes daquele homem que parecia delicado, mas não era. ele pediu o que ela adorava, espresso com leite, raspas de laranja e uma água com gás em copo de vidro.

-você sabe mais de mim do que eu mesma!
-você não quer comer? eles tem um cardápio ótimo.
-ai, não agora. o café é tudo que eu quero.
-ótimo...
-esta tudo bem?
-tudo muito bem.
-me diga uma coisa...
-manda!
-porque ce me fez vir ate aqui! a gente tinha hora marcada lembra?
-eu sei camis, mas e que eu já tava por aqui, meio que fiz você vir ate mim!

ele ria e sua gargalhada a deixava um pouco encabulada, como ela pensava sempre? ah sim, gargalhada que a lembrava do seu avo perverso, um antigo general que mal olhava na cara dos filhos... ela havia contado essa historia para henry há muito tempo atrás e ele disse que se identificava com a distancia que seu avo tomou do mundo. era bem real esse tema na vida deles, eles tinham em comum essa angustia de estarem em um mundo que nunca os compreenderia, que nunca os abraçaria... mas nessa estranheza mutua eles se encontraram e agora seriam parceiros de crime.

a garçonete traz o café de camille e sai cautelosa, reconheceu os dois logo de cara mesmo sendo nova no restaurante.

-então camis, você viu o protesto no outro dia né?
-ai henry, eu ia dizer isso! o que foi aquilo que ninguém me contou?
-o steve não te ligou?
-sim, ligou mas na hora que o negocio aconteceu!
-bom, foi assim, nos estávamos todos no ape dele que é um verdade iro chiqueiro, eu já entrei xingando, não precisa ser porco né?
-ai henry para! vai pros finalmentes.
-ok. então, a gente estava la, steve, eu e um bando de maluco, atores, jornalistas, músicos, enfim o lugar ideal pra se brotar ideias. acontece que o steve juntou todo esse povo com a desculpa de fazer uma festinha particular, mas queria mesmo era instigar esse pessoal com calibre pra falar contra os ataques que já começaram a acontecer no ira.
-a cara dele.
-sim!
-então?
-então ele deu bebida pra todo mundo e foi falando as ideias dele assim alto como se fosse um nero. eu entrei na conversa porque você sabe o quanto eu fico louco com esse assunto.
-sei.
-então a gente foi falando, e de vez em quando alguns se mobilizavam e falavam o que achavam também, ate o steve ficar com aquela cara de que vai engolir o mundo e dizer que não tem jeito, nos somos formadores de opinião, somos quem molda a cabeça de muita gente...
-concordo.
-e precisamos abrir o bico.
-concordo em genero e grau.
-sim, sim... eu também.
-e dai decidiram assim do nada?
-sim! ha!
-achei que fosse algo mais organizado!
-ah, mas foi! o steve mobilizou muita gente de outras cidades também, ou melhor, uma galera angelina e san franciscana!
-ha! henry, você é uma comédia!
-você também querida...


ela sentia falta dele. eles eram colegas de elenco em programa de humor que faziam parte os comediantes das mais variadas áreas do pais. ele era de washington - a cidade-, ela de portland e foi a partir dessa série de humor que os dois ficaram famosos e talvez por alguma coincidência, viraram os que mais se deram bem ao saírem da emissora que os lançou.

eles se despediram na porta do restaurante só depois de ele ter entregue a ela a chave do seu novo apartamento, que era quase todo mobiliado e pronto pra ela morar. estava frio e ela correu pra dentro do carro tentando esconder o rosto do vento gelado que fazia arder a pele. procurava nervosamente a chave dentro da bolsa mas por algum motivo não encontrava, "será que larguei no café?", estava ficando aflita, o frio estava a incomodando e parecia que havia uma pressão psicológica para que ela desse lugar para alguém que tentava estacionar. ao se voltar novamente para o café, quase com um pulo derrubando a bolsa e a fazendo corar de susto, deu de cara com steve que tinha a reconhecido e caminhava em sua direcao sem saber da mudança abrupta de rumo que ela tomara. os dois se assustaram e uma onda de calor tomou conta das bochechas de ambos, os deixando em uma mistura de espanto e alivio por ser um susto, mais nada.

quase sem voz e sem fôlego ela disse:
-steve! eu nem tinha o visto atrás de mim!
-eu estava indo falar alguma coisa até a hora que você virou do nada!
-ai...

retomando o fôlego, os dois deram risada e ele pegou a bolsa dela do chão. já refeito e cheio de zelo, perguntou se faltava algo, preocupado com que na queda algo tivesse se perdido de dentro da bolsa.

-não.. esta tudo aqui! menos a chave do carro, preciso voltar ao café que estava com henry a pouco...
-vocês estavam por aqui juntos?
-sim! acabei de chegar de portland.
-deve estar cansada... viagem longa.
-sim, muito! você esta com pressa?
-não! não mesmo..
-quer vir comigo rapidinho ao café?
-sim, vamos la.

os dois caminharam juntos e ele tinha tanta confiança nela que parecia que sabia o caminho, só por seguir seus passos.

ao chegar la, a garconete que havia a atendido já estava aflita com as chaves nas mãos.

-achei que a senhora não fosse perceber!
-ai querida obrigada viu, eu to cansada!

triste por ter sido chamda de senhor, camis pegou a chave, deu uma nota de cinco dólares para a menina que havia cuidado de suas chaves e puxou o braço de steve para fora do cafe. gostava de dar gorgeta e sair rapidinho, ficava envergonhada de ver o garcon agradecer... sentia que so fazia o minimo.

la fora, já com a chave e de frente para o carro ele perguntou para ela pra onde estava indo.

-pra minha nova casa! os cachorros já estão aflitos no carro, não sei como ainda tem algum amor por mim!
-precisa de um guia?
-ah... - ela não sabia o que responder. estava óbvio que ele queria ir pra casa com ela, mas estava genuinamente cansada, os seus pés formigavam e a cabeça latejava de dor, não era hora pra eles se entenderem. - bom, steve, se você não se importa, poderíamos fazer algo mais tarde... ou amanha, sei la! to muito, muito, muito cansada!

ele sorriu não como quem sorri encabulado, mas sorriu certo de que ela estava mesmo precisando de um tempo.

-vai la... nos falamos depois.
-ai, obrigada!

ela o abraçou por impulso, depois se arrependendo ao mesmo tempo que aproveitando cada segundo daquele abraço forte dele e do cheiro bom do seu cabelo.

ele abriu a porta do carro pra ela que partiu em rumo ao seu prédio.

ao chegar no apartamento e colocar seu casaco e gorro nos ganchos proximos a porta, olhou o vazio daquele lar com ar de que ainda não é, perfeitamente organizado e tão não a cara dela, e pensou que bem que poderia ter um amigo perto...




CONTINUA...


*foto de leonardo wen

e como gonzo dizia...





falar sobre Hunter S. Thompson é quase impossível pra mim que nunca tinha ouvido falar dele - a não ser pelo filme Fear and Loathing in Las Vegas com o Johhny Depp - até ontem. fui assistir a um documentário chamado 'Gonzo - a vida e obra de Dr. Hunter S. Thompson'. ele, como alguns sabem e outros nem imaginam, representava tudo que os americanos perderam ao perderem também sua liberdade e direito de serem um país baseado em ética: honestidade. e é de tal honestidade que sua obra transborda como se fosse um verdadeiro mar negro, cheio de ódio e tristeza por viver num país que ama, mas que perdeu sua identidade. ele criou um personagem "Gonzo" para escrever para a Rolling Stone, quando a revista ainda tomava decisões inteligentes, e foi até Las Vegas para procurar o American Dream. mal sabia Thompson que lá foi onde o sonho americano morreu e que não iria encontrar nada a não ser cinzas e caveiras cheirando a veneno de rato. em um tempo em sua carreira de louco, ele tentou ser chefe da polícia local de Aspen - aqui no Colorado - e sua campanha foi inédita na história dos EUA, ele era verdadeiro ao ponto de falar abertamenteo sobre drogas e avisar que "droga alguma que valha a pena ser tomada deve ser vendida! tem que estar de graça pro povo!" e obteve um grande número de votos na Aspen hippie do início dos anos setenta, mas não conseguiu o cargo... too bad... ele viveu de uma forma única e foi alvo de ataques tão únicos quanto ele, mas se prendeu ao personagem e não sabia mais se era ele ou Gonzo que tomava conta. nos seus últimos anos foi um grande inimigo do Bush pai e filho, escrevendo que se Bush ganhasse em 2000 o mundo estaria perdido... em 2005, já deixando seu funeral e seu "enterro" - ele foi cremado - pronto, preparando uma grande festa com direito a muitos artistas e celebridades presentes (johnny depp e bill murray estavam lá), Hunter se matou com uma de suas duzentas armas em casa, com a familia na sala de frente pra lareira. e isso tudo e mais um pouco que eu nem consigo descrever aqui, me fez arrancar o livro da estante do meu homen que o tem como o maior escritor de todos os tempos, e começar a ler...

e viva thompson!


***

12.8.08



tem texto novo AQUI.



***

11.8.08

retornando à minha sanidade



ela dizia assim gritado, quase que arrancava um pedaço de mim:




"preciso me isolar, me tirar do recreio. acreditar de novo no peso da palavra, na grossura desmedida do tempero que não basta, apenas reconcilia mérito. preciso indagar a sós, retirar as armadilhas, esticar os véus pra que cubram mais quintais, pra que deixem a mostra mais a pele. enfim, nesse reino preciso me deleitar, saborear o gosto da pele quente de quem eu já fui algum dia sabendo ser demais como é demais quem se entrega e não tem medo. se ser mulher é saber de seus defeitos impostos por outros e calar-se, sou. mas não quero. prefiro ser assexuada que ser isso, essa coisa morta que vive no silencio e apodrece escrava. prefiro ser da sorte, sem ser da morte, prefiro ser gente e se isso incomoda quem incomoda, que incomode. sou molde puro e fraco de quem esqueceu de criar mais de um tipo de farinha pra pó dos outros. preciso me isolar."



e saiu quieta, olho seco e dedos fechados como quem quer enfiar as unhas nas palmas das mãos até sangrar.




"Conquest is not in our principles. It is inconsistent with our government.
"

A conquista não faz parte de nossos princípios.
É inconsistente com o nosso governo



duzentos e oito anos depois de Thomas Jefferson - terceiro presidente norte-americano - ter dito a frase acima, a nação que algum dia foi um sonho e refugio seguro para muitos se transformou no diabo armado até os dentes que é hoje.


esse é só um adendozinho para uma manha de segunda-feira...



***

10.8.08

mulher no papel

"And the day came when the risk to remain tight in a bud
was more painful than the risk it took to blossom.
"
Anaïs Nin




ela termina o desenho.

em pé, de frente para o balcão e com o sol se pondo as suas costas, "as montanhas estão sempre no oeste..." com o lapis na mao e seus contornos no papel, "maria..." ela continuou quieta a observar o que havia feito, "fique calma maria". os sete céus se pondo, seus dedos amolecendo, seus olhos ardendo e o calor no corpo perturbando sua paz. essa sensação vinha fazia tempo a consumindo e eram dos lábios a verdadeira falta que sentia daquele que um dia a beijou sem jeito e sem querer deixando-a falecer quieta num tronco de árvore largado em algum parque perdido de Viena. "maria, vamos para a casa?" nada se parecia com o que pulsava em seu estômago, um pulsar que atrapalhava e irritava, mas que ao mesmo tempo a remetia ao fim daquele dia, um de muitos completamente dedicados ao pequeno corte em seu peito.


***

8.8.08

oito, do oito de zero oito


ok. vamos la.
8 de agosto de 2008.
oito de oito de dois mil e oito.
8+0+8+2+0+0+8 = 26

2+6=8



sim, é um ciclo eterno e o oito hoje é infinito, mas só hoje! ha!
portanto tratem de ter um otimo dia, esta bem?

***

7.8.08

to the valley below



One more cup of coffee for the road,

One more cup of coffee 'fore I go

To the valley below.


sobre o azar




"I'm a great believer in luck,
and I find the harder I work
the more I have it."
Thomas Jefferson




não é de hoje que eu acredito na sorte, mas na sorte que a gente cria do mesmo jeito que a gente tem que arrumar a cama pra depois
deitar... a gente deita no que a gente prepara, colhe o que planta, se joga com a sorte que a gente chama. e acho que por acreditar tanto nisso esses últimos dias que fiquei sem vontade alguma de namorar com a sorte o azar deu as caras e me encheu a paciência.

primeiro foi um dia atrás do outro me cortando por motivos imbecis, uma vez num copo de plástico que cortou meu indicador da mão direita, depois veio um corte com faca fazendo jantar na mão esquerda, logo em seguida um corte no dedo anelar da mão direita me maquiando (é isso que você leu mesmo) e finalmente cortando meu dedo médio da mão esquerda em alguma parte da máquina de espresso de casa que ainda não entendi como rolou... saco!

em alguns dos blogs que eu leio, só lia desgraça! o debate dos candidatos à prefeito de são paulo me deixando nervosa e alguns amigos meus simplesmente desaparecendo quando eu mais precisava deles... então minha cachorra engoliu um pedaço de plástico e só pra piorar foi mordida por algum inseto voraz que a deixou com uma bolha no estômago parecendo um cisto! enquanto isso avisos urgentes na tevê porque podia acontecer um tornado bem aqui no meio de Denver, sirenes lá fora anunciando o possível desastre natural, e elas estavam tão altas que eu não consegui ouvir o metereologo na tela e a chuva e o vento ficavam mais e mais fortes...


foi então que eu pensei assim, supersticiosamente falando, em sorte. tive uma conversa bem séria comigo mesma e falei "ei! você não é assim!" e então a sirene parou, a adélia voltou do veterinário bem, vi esperança nas pessoas novamente e foi a primeira vez nessa última semana que eu não havia me cortado! a chuva foi embora aos poucos deixando um ar maravilhoso - porque estava um caos público por causa do calor insano - 40 graus quase todo dia - e as árvores e plantas todas verdinhas...

é... o jeito é ser sortudo na marra!

4.8.08

two of us

ta, admito: essa musica é meio romântica. meio não, completamente... mas pra mim é o tema john e paul, só porque os dois se atacaram de um jeito que deixou brecha pra um dia a gente imaginar os dois finalmente se entendendo novamente... e não tem como alguém me fazer mudar de ideia!



Two of Us
(Lennon/ McCartney)


" Two of us riding nowhere, spending someone's hard earned pay. You and me Sunday driving, not arriving on our way back home... We're on our way home, we're on our way home, we're going home. Two of us sending postcards, writing letters on my wall. you and me burning matches, lifting latches on our way back home, we're on our way home, we're on our way home, we're going home... You and I have memories, longer than the road that stretches out ahead. Two of us wearing raincoats, standing so low in the sun. You and me chasing paper, getting nowhere on our way back home. We're on our way home, we're on our way home, we're going home. [We're going home... better believe it] "

***

3.8.08

na lata de lixo amassada

encontrei essa carta, na lata de lixo amassada, comida por ratos e manchada de óleo preto e grosso que cheirava a comida de semanas atrás. sem nome de quem escreveu ou pra quem deveria ter sido - ou foi - e uma duvida de se era importante ficou na minha cabeça... e aqui a reproduzo:



" When I stopped trying to fall asleep and got up, after I walked the dog a little bit so she would poo and pee and when I was ready to go to work, I saw the sun rising and I felt the cool breeze of the morning in my face and I wished you were there with me.

When I sat outside the cafe with a cup of coffee I wished you were there telling me about your day and your night and the time you were all by yourself. I wanted to know what you feel like and what you want to do...


I came back inside and read a bit about the history of United States presidents and their first ladies... I read about Hillary and Bill Clinton when they were young and all the things they went through together, I read about Barack and Michelle Obama and everything they went through together. I wanted to have a White House, where you'd be president and I'd be your first lady.... but I'd refuse to have my room at the east wing, I'd like to have one right next door to yours at the west wing and help you decide the future of our country... our little country....

I wish I had you right here so you'd show me this cool solo you came up with that reminds you of dog fashion disco - if I got the name right - and I wish you could forgive me for being such an annoying woman and would take me as I am, so I could be less of a witch... I share the same sign as Hillary and I think that says a lot haha.


I wanna be your first lady, your rock'n'roll wife, your wealthy queen, your poor man's wife, your exotic conquest and your mistress wise.


I guess all I wanted to say was I love you."



2.8.08

chegou meu livro!



há alguns dias atrás encomendei um livro que me custou (pasmem) dois dólares! (sim é o que você ouviu) e agora ele está aqui nas minhas mãos, fresquinho, pronto pra um mundo de descobertas abrir suas portas para mim...


saca só o nome do livro:



delícia né? nem me perguntem porq
ue eu quis ler um livro que não tem nada a ver com os meus gostos literários, só sei que eu bati o olho e queria de qualquer jeito... o nome da autora é Marcia Angell, e vai ver ela é um anjo mesmo por ter escrito esse livro. verei em breve se isso é verdade!



um ótimo sábado procês.