31.7.08

tremenda falta de educação

eu podia errar, de propósito. inventar línguas onde palavras são mero acaso da ação. eu devia calar e caminhar, observar o mundo como um labirinto de oliva ou gritar seca, sem nó nem faca contra a cara de um tufão de ideias e de um mundo repleto delas. eu acho que cansaria fácil de ser assim como eu sou, se só o fosse e não parasse pra não ser. a gente tem que parar de ser de vez em quando caso queira voltar a ser fique bem treinada essa volta... nada é fácil nesse mundo pré programado! eu podia aprender a enterrar palavras, sonetos, canções, baforadas, enganações, revisões, olhares tortos, gente de má fé, gente de boa fé, cuspideira, carpinteiras, mulheres cheias de teias, olhares tortos, sombras asquerosas, cheiros de carniça, ventania à toa... vixe! tanta coisa que eu podia fazer... mas eu paro por um belo dia e chego de pensar. é bom olhar, assim quieta antes que a maré te engula.

30.7.08

about the pop in me



eu tenho uma mania que chega a ser doentia. mania de ser foda a um ponto que você mal pode ser tocado, ou chega a ser rejeitado pela vida comum. tenho mania com isso mas não necessariamente quero isso para mim, só tenho uma verdadeira vaidade que é alimentada por essa mania, uma vaidade quase fora de mim - talvez porque esteja fora mesmo - e que chega a ser quase uma esperança exacerbada em um humano muito alem dele mesmo e do que ele representa. alguém me explica isso? será que minha geração perdeu o senso do que se é eterno e do que é importante? será que existiu alguma geração que já teve essa noção tão certa de tudo? será que serei punida pela eternidade por adorar ídolos de barro? sou eu e muitos daqueles que dividem da mesma paixão que eu, apenas vaidosas criaturas que não sabem coexistir em um mundo apenas "normal"? será que eu sou uma tonta? tenho uma bolha no lugar do cérebro? vejo o mundo com lentes cor de Almodovar? respiro o ar com filtro quinze? retenho mais liquido nas células pulmonares do que os demais? alguém me responde por favor!

.
.
essa da foto ai de cima é a Debbie Harry, sim a moça do Blondie. pra mim ela é simbolo disso que eu to falando, um ídolo de barro que sustenta algo que nem ela mesmo sonharia em ser, mas é. uma visão do inferno e do céu juntos, gritando alto em um estádio para cem mil pessoas ouvirem. ela esta tão fora do alcance que fica fora de cogitacao pensar em ser quem ela é mesmo sabendo que ela nao é la grande coisa, apenas um ídolo de barro... um santo de pau oco... uma foto numa capa de revista... um par de brincos numa vitrine... um cartaz em alguma loja de discos... e mesmo sabendo disso tudo porque será que eu quero tanto saber quem Debbie Harry é? alem de tudo isso que eu mencionei? porque é tão importante pra mim e pra tantos outros? nessa hora eu queria ter um terapeuta na minha frente me falando que eu desloco o que eu queria pra mim neles, e pra ser bem sincera talvez seja isso mesmo, mas a questão é: porque não? porque é tão feio querer ser isso ou aquilo quando essa ou aquela coisa sera a chave pra que você se sinta realizado - ou não... -? sei la. vai entender...


***


*foto retirada daqui.

brilliant, darlin'


"Eccentricity is not, as dull people would have us believe, a form of madness. It is often a kind of innocent pride, and the man of genius and the aristocrat are frequently regarded as eccentrics because genius and aristocrat are entirely unafraid of and uninfluenced by the opinions and vagaries of the crowd."

Edith Sitwell




*foto: kate moss e johnny depp.

os livros na minha estante


tem nomes de grandes e pequenos homens, mulheres inteiras ou pela metade, cores distintas e formas sempre parecidas, mas com conteúdos diferentes. existem dos mais conhecidos aos mais desconhecidos, das palavras mais infames até as que de tão doces fazem o céu da sua boca derreter. em cada lombada existe um terço, rezado ou não que suplica para que alguém lhe pegue com força ou com vontade, com dor ou com maldade, para que seja eterno enquanto lido. eles são perfeitos, apresentando apenas meia-palavras coerente e me fazem crer que a verdade é sim invenção quem quer crer. verdade suplica por meia verdade escondida e esses livros em minha estante não crescem nem diminuem de tamanho, são óperas, sonetos, novelas e romances. são fatos, inventados por humanos que de tão humanos chegam a ser hermanos. esses livros na minha estante dilatam pensamento infante, regressam ao conteúdo do montante de gentes que se perdem ao se encontrarem neles... sou tão deles que me entrego sem pensar, e não me repito ao me perguntar: quem são e o que são esses personagens dessa ilha incrível que é minha e quase que não é mais de ninguém?




de boca aberta, literalmente...


bom, hoje presenciei algo estranho, mas foi um tipo de estranho bom do jeito que me deixa feliz. fui a um parque limpo no centro da cidade, com um rio limpo, com pessoas lindas caminhando pra cima e pra baixo, com cachorros sadios, com mendigos.... limpos! com flores plantadas em canteiros lindos, com gente brincando nas águas do rio limpo, com os arranha-céus como plano de fundo. sim! é o que você me ouviu! crianças semi-nuas se jogando nas águas, crianças de todas as cores e credos juntas na água LIMPA, adultos lendo livros deitados na grama, mendigos existentes, mas completamente educados, todos assistindo ao por do sol com as luzes dos imensos prédios em volta ainda acesos... nunca havia imaginado que isso seria possível! mas lembre-se que não é porque não tenho nenhuma fé na humanidade - se bem que infelizmente isso é verdade - mas é porque nasci e fui criada em São Paulo! a terra da garoa, do cinza eterno e do cheiro de urina que fazem parte das características marcantes da cidade.... parque? limpo? no centro da cidade? deus! "tá me zuando?" não, não estou! incrível...
.
.

.
e isso me faz querer parar o tempo, só pra eu poder fingir que o resto do mundo é igualzinho a isso aqui.


***


esse parque se chama Confluence Park e fica em Denver, Colorado nos EUA.

28.7.08

michael caine = john lennon com uns trinta anos a mais



sim, é isso que você leu. eu acho que o michael caine tem a cara que o john lennon teria se tivesse vivido pra ser mais velho. alguém deveria fazer um filme contando a vida do lennon caso não tivesse sido morto por aquele lunático em NY, e assim teriam que usar o caine pro papel...

pois ela resolveu...



criar coragem que partiria de qualquer coisa que seria necessária, para que algo fosse tirado do nada.




24.7.08

vh1 rock honors


eddie em um sanduiche de tenacious d (a "banda" de jack black)


AMO!



pretty idle moment

i'm part of this road--
i was seen on this pavement before,
i had dreams and sins printed
on these left side doors--
i had my thoughts brightly filtered
in eyes as grey as these whores',
i brought up words of thoughts
filled with fear, damn old fear--
i never really thought in blocks
but you've showed to me how to
throw back these rocks--
and at what cost?
i'm glad your my main war fought
my biggest cause that's been lost.

the hunger strikes --
it strikes like it shines,
it shines through my bones
my skin
my spine --

i prepare a meal
i wonder why i kept this deal,
you and i alternating spots
on this spoiled field--
wonder why, oh why
i had to heal--
i'll forget to practice
my negative
unwilling yield,

and now i ask
in joyful tone
i'll ask to leave--
promise you
i won't promise a thing
for the winds' been blowing
to hard
for any mend

***

23.7.08

christian bale não mais na cadeia, anistia internacional, gente achando que o mccain é bonzinho e a adélia...

pois é, ontem mesmo o moço saiu da cadeia depois de quatro horas lá dentro, algumas pra esperar e outras pra ser interrogado... e pelo o que eu li em alguns sites de notícia que não me dão muita certeza de nada, parece que a mãe do rapaz insultou sua esposa e ele perdeu o tom! parece também que ele tem passado por um mal bocado depois que o amigo (leia-se heath ledger) morreu no começo do ano... eles ficaram bem próximos depois do filme I'm not there (a história do bob dylan que não é sobre o bob dylan). enfim, hoje também eu recebi minha camiseta do Music for Human Rights, o que me deixou muito felizinha! e um livro chamado "no one here sleeps safely", advinha sobre o que? prisões brasileiras... triste viu! hoje também ouvi a notícia de que algumas pessoas com o título de "economista" na frente do nome acham que o sr. maquiavélico McCain é o melhor para que a economia dos EUA dê um salto... ah sim! só se for de meia dúzia de gatos pingados que DIZEM SER a economia norte-americana eles mesmos! esse mundo ESTÁ perdido...

enquanto isso tudo acontece eu tento não pensar e passear com a adélia... aliás, vejam o vídeo que eu fiz com ela logo abaixo:



tenham uma noite linda!


***

22.7.08

christian bale preso... ai ai ai e agora o que mais vai acontecer?

ok, eu admito que me saboto e acabo eu mesma com minha esperança ouvindo canções como essa: . . .

Where's my hope
now that my heroes have gone?
Some are being beaten
Some are being born.
And some can't tell the difference anymore...*
.
. .
o que esta acontecendo com os meus heróis? estão morrendo, e alguns sendo presos - muito provavelmente por razoes idiotas que não refletem o carater dos mesmos - e outros estão desistindo...
. .(foto do filme I'm not there)


eu poderia inventar mais uma historia, baseada na teoria da conspiração de que para que o filme The Dark Knight quebrasse recordes e fizesse muito mais do que milhões, seus produtores tiveram que inventar a morte do Heath e mandar o Christian pra cadeia. poderia também dizer que por alguma razão estranha, Heath e Christian não se davam bem, então o Batman da vida real pôs um fim a vida de seu arque inimigo, o coringa da vida real de uma maneira em que fizesse todos suspeitarem que tivesse sido apenas uma "morte acidental". poderia dizer também que por vinganca, michelle williams que sabia de toda a tramóia pois heath havia dito que estava sendo perseguido pelo bale em seus últimos dias, expôs toda a verdade para a família do da capa preta e assim os pressionou para o acusarem de qualquer bobagem para ser encarcerado... dessa maneira michelle teria tempo para armar seu plano e arrumar provas para acabar com a liberdade do assassino de seu ex namorandinho e pai de sua filhinha matilda... poderia dizer tudo isso com cara séria e alguém iria acreditar! mas INFELIZMENTE é tudo invencao... e heath morreu porque ouviu muitos médicos demais e christian foi preso porque provavelmente (e isso sim é opinião minha) sua mãe ficou animadinha com a grana que o filhinho fez...
. .
gente! da pra ver na cara deles quem eles eram (e são), ou não? estou enganada!? posso estar...
. .
mas sobre meus heróis estarem morrendo, ah sim... isso eles estão.


***


*amen - Jewel

21.7.08

if only - quarta parte

para quem se perdeu aqui está a primeira parte da história, a segunda e a terceira. a quarta esta fresquinha e postada aqui:


***









"queria tanto poder voltar naquele dia."



camille escrevia com o corpo todo apoiado sobre sua escrivaninha que era a única coisa que ainda não tinha sido desfeita para que pudesse mudar sem muito o que carregar. a mão que segurava a caneta suava, e por muitas vezes tinha que interromper para poder secar as palmas em suas calças jeans.

"foi exatamente uma hora que eu esperei lá fora, querendo te ver dar meia-volta, andando em minha direção e conversando comigo de novo, e desde então eu acho que não tive dúvida, algo muito importante nasceu dentro de mim naquela tarde,mas morreu naquela noite. algo que nem eu mesma sei da existência e nem sei de seu paradeiro... só sei que se foi. eu sei que tudo é muito complicado pra você, mais do que isso, eu acho que tudo é muito complicado pra nós, mas agora que eu vou te ver, não queria que nos víssemos sem que antes você saiba disso..."

a campainha tocou, fazendo camille pular da cadeira com o susto do barulho. largou a caneta e o papel sobre a mesa e abriu a porta pedindo para bubba se sentar.

era o rapaz que estava levando os móveis pra caridade para ela.
ele perguntou se havia mais algo que precisava carregar no caminhão e ela o disse que só mais aquela mesa. queria voltar à carta mas estava ficando tarde e precisava ir.

andou pela casa a procura de alguma outra coisa que talvez tivesse esquecido, mas não encontrou nada. dobrou a carta, colocou na bolsa e ajeitou as coleiras em seus cachorros, pela última vez foi até o quarto e abriu a porta do armário onde o que apenas restava de seu poster era a cola na madeira.


gipsy e bubba a seguiam. dentro do carro ela respirava fundo e sabia que era a vida nova chegando que a deixava mais assustada do que feliz. "a carta..." pensava, "preciso terminar a carta".



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a viagem era longa.

portland até nova york, "no mínimo uns quatro dias!", camille conversava com sua mãe no telefone.

-não mãe, nova york não vai me deixar caduca.
...
-hahahaha pra que né! já sou, não tem como ficar pior.
...
-sei...
...
-eu sei, já sei.
...
-viu, avisa don juan pra aparecer por lá. diz que a irmã feiinha dele tá com saudade.
...
-tá bem mama, ja vou ok? um beijo.


quando já era quase oito da noite, camille começava a ficar muito cansada. parou em um hotel no meio de Idaho em uma cidade chamada Nampa. ao fazer o check-in em um dos únicos lugares que aceitavam cachorros, ela notou o bar do hotel completamente vazio... seria o lugar ideal pra ela terminar aquela carta e a colocar no correio, antes de desistir de fazer isso, também!

se sentou no balcão e pediu uma taça de vinho. o bartender a mostrou uma carta de vinhos e ela só disse:

-ai senhor, escolhe pra mim!

entre um gole e um "obrigada" ao bartender, ela escrevia rápido e agora com outra caneta porque havia perdido a dela.

"antes de mais nada, desculpe minha falta de organização, eu sei, eu sei. comecei a escrever com a caneta azul e to terminando com a caneta preta. nada demais, é a mesma mensagem... enfim, quero que você entenda que o que aconteceu aquele dia foi estranho, muito estranho. mas naqueles segundos eu não pensava em mais nada a não ser o que eu tava fazendo com você. você não é um homem que eu conheci e pronto, você foi minha inspiração pra eu ser gente! ouvia você cantar desde quando era pequena e carreguei camisetas com sua cara estampada nelas durante todos os meus anos tristes e vazios no colegial. você foi minha razão pra ter um motivo pra inventar tanta moda e querer ir atrás de verdades que eu nunca vi antes de ver você. eu não sei o que poderia ter acontecido, e não quero saber. não sei se você tivesse voltado aquela noite eu mudaria de ideia, só sei que... eu estou cansada de deixar isso tudo me perturbar."

- a senhorita quer mais uma taça?
- ai, aceito sim. obrigada.


"não quero que você também me entenda mal, eu não estou dizendo que prefiro você ídolo do que você amigo, só prefiro você, não você e eu..."


assim que escreveu a última linha, camille congelou. não sabia mais o que estava dizendo, não sabia se ele não
estava mesmo nem aí e receberia essa carta dela chegando à conclusão de que ela sim tinha guardado esperanças esse tempo todo. ficou com medo, dobrou a carta, tomou toda a última taça e foi de volta pro quarto. amanhã seria um dia longo.


***

20.7.08

the sea will rise, please stand by the shore


eu acho que o que eu quero falar pro mundo não adianta, já foi falado tantas vezes por vozes tão diferentes da minha e tão infinitamente mais poderosas que a minha, que já não tem mais graça.


mais do que graça, não há mais paciência de ninguém suficiente pra se ouvir tantas vezes a mesma coisa, mesmo que essa coisa seja bem mascarada, nos fazendo achar que não
é a mesma ladainha e sim algo praticamente criativo e único. não existe algo único por principio. não existe principio, a principio. não se existe queda pra lados, palavras que façam completo e imediato sentido, não há solução pra nada, a não ser pro medo. eu acho que achar é coisa de gente que não pensa e eu não acho coisa nenhuma, eu só sei, mas o mundo não é suficiente maduro pra deixar a gente saber - e o mundo que eu digo não carrega o povo nas costas. as vezes a gente quer amarrar sentido em sentido, fazer um colar de miçangas enorme pra dar a volta em todos os pescoços e deixar todo mundo morrer feliz e colorido, mas infelizmente não caio nessa. e muitas vezes a gente quer entender de criar arte dizendo que e único, gente! não é não... fazer o que? feliz, ou infelizmente eu acho que cai nesse entendimento quase que do décimo oitavo andar, mas não doeu, a queda foi praticamente um voo. e enquanto eu ouvia a mesma musica que eu sempre pensei que teria sido escrita por mim se por algum acaso eu fosse outra pessoa com a mesma cabeça, percebi minhas faltas de limitação ao ser tão parecida - e tão única POR ISSO - com quem entendeu de mim antes mesmo de eu nascer.
.
.
.
tenho dito.

19.7.08

quero ser Jancee Dunn!

Jancee Dunn


saiu o livro absurdamente esperado por mim da jornalista Jancee Dunn, e o pior é que eu ainda não o tenho! sabe sobre o que é? sobre entrevistar gentes pela revista rolling stone, sobre passear pelas montanhas com Brad Pitt, ser confundida com a namorada do Ben Affleck, pegar o Ozzy num dia ruim... ai! daria bastante coisa para ter esse emprego, mas não muita! há! enfim, logo mais terei que ler o livro, de alguma maneira ou de outra ele tem que acabar dentro da minha bolsa...

***

sobre Jancee Dunn: o pai de Jancee era um orgulhoso trabalhador em uma das lojas JC Penney, tão orgulhoso que colocou o nome de Jancee (uma forma de chama-la de J.C) em sua filha... conseguiu o emprego tão desejado na Rolling Stone através de um executivo da revista em uma festa em 1989, ele entregou o currículo dela ao RH da revista e foi chamada pra uma entrevista. mesmo usando um vestido horroroso ela ganhou a confiança do entrevistador e foi contratada como assistente de edição. ela também escreve pra inúmeras revistas e para a MTV. enfim, quero ser como ela quando crescer.

15.7.08

tertulia!


**************************************************************************




pois o melhor lugar do mundo são teus braços
dentro dos teus olhos, olhando nos meus
dentro do peito, o meu coração batendo no teu--

pois o lugar que mais me acontece
é
o lugar em que você acontece,
em seus tons únicos, de cores fortes
de lábios que vivem a falta do arrependimento nosso
a falta de querer qualquer outra coisa
que não seja
nos dois.

pois o melhor lugar do mundo
está onde você está.



***

12.7.08

porque eu acho que vou chorar?

porque ele era quase parte de mim... e se eu falo isso é porque - e quem me conhece sabe muito bem - eu criei minha cabeça, minha forma de olhar o mundo, minha maneira de tocar as pessoas e guarda-las em mim através dos filmes. não estou sendo metafórica, estou sendo realista: eu cresci imaginando que SIM, viveria minha vida em um filme e os personagens não seriam nada mais que meus companheiros de estrada, seja ela dourada ou de concreto cinza, seja o cenário primaveril ou alguma guerra perdida...

uma das pessoas que caminhou comigo um bom tempo nessa estrada meio incerta foi ele. de um jeito ou de outro, sempre achei que ele estaria ali, bem do lado, meio quieto do jeito que ele foi em todos os outros 'sonhos', bem parte do que eu imaginava ser o tipo de ser humano que deveria ajudar a retomar o mundo e cuidar dele, de verdade.


eu sei que vou chorar quando o ver pela "ultima vez" - sim, vi TODOS os filmes que ele já fez, mais de uma vez e BEM antes dele ter morrido - e não é como se eu visse alguém antes de morrer, sabendo de sua morte, é como rever mais um companheiro que largou minha mão lá atrás em alguma fotografia embaçada, é uma tristeza enorme que eu não sei nem como expressar.

de alguma maneira ele também me ensinou a ser, a ele sou grata eternamente, mas depois do que aconteceu nunca serei capaz de retribuir.





enfim, no fim eu digo:

perdi um pouco do olhar de crian
ça que ainda tinha quando ouvi no café Audrey no meio de Hollywood que ele havia morrido, e perdi um pouco mais de vontade de ir ao cinema.



***

11.7.08

eu participarei!

como retirado daqui.


TERTÚLIAS VIRTUAIS

Numa ligação transatlântica com o Eduardo do "Varal de Ideias" decidimos propôr um desafio a todos os bloguers interessados. No dia 15 de cada mês iremos publicar em simultâneo um texto/imagem (ou só uma das coisas) subordinadas a um determinado tema previamente anunciado. A liberdade é total.
O tema para 15 de Julho é "O MELHOR LUGAR DO MUNDO". Cada um interprete à sua maneira. Vão pensando. Mais perto da data voltamos a avisar.
jp



Este foi o POST do EXPRESSO DA LINHA do dia 18 de Junho.
DIVULGUEM e PARTICIPEM!

8.7.08

If Only - terceira parte

para quem se perdeu aqui está a primeira parte da história e a segunda. logo abaixo está a terceira, quentinha, acabou de sair do forno!

aproveite!

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dois anos haviam se passado e camille se preparava para mudar. enquanto encaixotava livros, revistas onde publicara artigos, fotografias e quadros lembrou-se daquele velho poster dentro do seu armário. abriu a porta e encarou os mesmos olhos que deixou escapar há um certo tempo atrás. por alguns instantes distensionou todos os músculos da face e fechou os olhos pra não ver mais nada... tateando a porta, arrancou o poster deixando rastros da cola na madeira escura e o amassou por completo, assim abrindo os olhos e jogando o poster fora. passou o dia fazendo isso: encaixotando e jogando fora coisa que não prestava. à noite o telefone toca.


-alô?
-camille?
-yep. julie?
-sim!
-meu deus, achei que ce tivesse morta!
-para camis!
-hahaha verdade! nunca mais ouvi notícia...
-a vida aqui tá difícil...
-achei que não tivesse não! na última vez que nos falamos você tava amando e toda feliz!
-ah mas sei lá, a vida não é como era naquele tempo...
-você fala como se tivesse passado uma década!
-pra mim foi!
-louca!
-virada!
-boba, não sabe nem xingar!

no telefone era julianne, amiga de infância de camille. não se falavam desde que julie se mudou para a Irlanda, "pra fazer o que eu não sei!" era o que camille pensava...

-então camis, to aqui em Portland.
-o que!?
-é o que você ouviu tonta.
-ai que maravilha! ainda bem que você chegou agora porque eu to me mudando.
-quando?
-em dois dias!
-pra onde?
-pra NY.
-ah para!
-verdade caramba.
-fazer o que lá?
-fazer tudo! advinha?
-o que? casou?
-não...
-então o que?
-o que eu sempre quis fazer na merda de nova york sua louca?
-hmm, sei lá!

camis girava os olhos enquanto andava pela casa, julia continuava a mesma!

-eu vou ter uma parte no programa do Henry Jones!
-tá zuando!
-não! ele me contratou, pessoalmente, e eu vou lá semanalmente pra falar sobre a política atual e coisinhas do gênero... ce acredita?
-caiu nas graças do homem!
-sim!
-caiu na cama também?
-não!

as duas riam e voltavam a lembrar de como eram próximas há um tempo não tão distante assim...

-quem diria hein, camis?
-é... e você tá aqui pra que?
-voltei a morar aqui.
-sério?
-sim.
-ah! isso é muito bom, você era feliz aqui eu acho.
-também acho, mas agora triste pra burro.
-porque eu to indo embora?
-é claro!
-não fica! vamos nos ver vai, me passa o endereço da onde ce tá, vou te buscar amanhã.

ela anota o endereço e dá boa noite falando que está cansada. ao desligar o telefone, ele toca de novo. ela olha pro relógio que marca 11:29 e pensa "ai não creio que ela tá me ligando de novo! tá tarde", mas ao olhar pra tela percebe que o telefone que aparece ali não é o mesmo. atende mas a pessoa do outro lado não responde, então ela desliga e se prepara para ir dormir.

***

na manhã seguinte, acorda com o seu cachorro bubba lambendo sua orelha...

-tá achando algo interessante aí bubba?

faz tudo que sempre faz, seu café com leite, suas torradas light com cream cheese light com ervas finas, um copo gigante de água, banana amassada com aveia e mel numa bandeja enorme na mesa de centro da sala... televisão ligada no site de notícias e camille murmurando pra si mesma enquanto ia de um lado para o outro "bullshit, bullshit, bullshit"...

até que um nome chamou a sua atenção. da televisão ela ouviu:

"steve everston, líder do grupo de rock baylock baseado em portland fala ou vivo da parte baixa de Manhattan, protestando contra mais uma tentativa do governo de invadir o irã"

camille corre para a sala e aumenta o som pedindo pro seu outro cachorro gipsy, ficar quieto. a notícia continua e mostra cenas ao vivo de steve em um palanque improvisado, atrás dele os prédios de NY, ao seu lado famosos músicos, escritores, atores e gente de grande importância pública apoiando seu discurso. camille logo nota seu novo chefe, henry Jones ao lado de algumas dessas celebridades. não sabe o que fazer mas tenta prestar atenção apenas no que steve fala, a câmera chega bem próxima de seu rosto, seus olhos continuam os mesmos, enfurecidos, sua barba agora muito mais crescida, seu cabelo muito mais bagunçado. o repórter corta a sua voz e diz que muitos "ao redor de todo o país estão simultaneamente protestando contra a nova e não-declarada guerra". o telefone toca assustando-a, e ela não decide atender, fica apenas paralisada a frente da tevê, quieta.

o telefone toca novamente, e certa de que era julie, atende enfurecida:

-caramba Julie, agora não é hora!
-camis?
-eu?

para sua surpresa, não era Julie, era Steve.

-Camis, ce tá me ouvindo?

era muita gritaria e ela mal entendia o que ele falava.

-mais ou menos! acabei de te ver na tevê!

-é! meu discurso acabou de acabar.
-eu não to crendo! eu não fiquei sabendo desse protesto.
-não foi como a mídia anunciou... não pretendíamos fazer nada disso!
-então...
-foi complicado, eu to em NY e o henry me disse que você está vindo pra cá.
-sim! ele me contratou, acredita?
-sim... a gente se fala quando você chegar aqui, está bem?
-ok.

o barulho era intenso, e steve precisava partir.

-viu, eu te quero bem.

a linha caiu antes que ela pudesse falar qualquer coisa. na televisão um comercial qualquer passava e prontamente ela desligou tudo. se vestiu rapidamente e foi tirar seu carro quase nunca usado da garagem, sua amiga a esperava.



***





***

tem entrevista nova

(ou melhor, essa é a PRIMEIRA) aqui!


***

5.7.08

If Only - segunda parte


mas o querer tinha hora marcada.


os corpos estavam tão próximos que não parecia mais outono lá fora, mas era! o vento soprava forte, e a grande árvore batia incessantemente suas folhas contra a janela. camille soltou a mão que era carregada por steve, se virou tão rapidamente que mal teve tempo de respirar, ficou sem fôlego e sem voz, andou ate a janela e tentou em vão soltar algumas palavras. nada aconteceu. ele ficou quieto olhando os cabelos longos dela, os ombros arrepiados dela, seu corpo quente olhando a rua fria la fora. ele também perdeu a voz, mas porque sentiu que devia, nada lhe faltava ali, mas por um fio podia perder tudo...

eles ficaram parados, do mesmo jeito até que a voz voltasse a ela. gaguejando, incerta se era isso mesmo, disse enquanto olhava pela janela:

-eu acho que preciso fechar a porta...


assim que ela terminou a frase, voltou-se para onde ele estava antes, mas só para encontrar o vazio. ela ouviu o bater do portão, e seu pastor australiano anunciando que alguém havia acabado de partir. não quis olhar pela janela logo em seguida, mas desistiu de resistir e correu pela porta da frente e para a rua onde não encontrava mais sinal dele. "se era pra ser assim, porque foi?" se perguntava enquanto o vento soprava l
á fora e a noite tomava conta.

ainda permaneceu de pé, em frente de sua casa por mais alguns minutos, queria voltar pra dentro para encontrar ele sentado no sofá, mas até disso ela tinha medo.




CONTINUA...



*foto por leonardo wen

my funny valentine... stay.


uma das cançoes de amor mais fortes que eu já ouvi, e também uma das mais simples e obviamente mais reformuladas e regravadas do mundo - na minha humilde porém insistente opinião- é my funny valentine. me parece ser a canção que mais prova o amor, da maneira mais escancarada possível, com as palavras mais simples que alguém poderia usar...


my funny valentine escrita por richard rodgers e lorenz hart (foto acima) em 1937 aparecendo em 1300 albuns, gravada por mais de 600 artistas diferentes.

My funny Valentine
Sweet comic Valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable
Unphotographable
Yet you're my favourite work of art

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay
Each day is Valentine's day

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't you change one hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay
Each day is Valentine's day




***




4.7.08

tenho um novo endereço, e esse é absolutamente definitivo:

www.thedharmabum.org



todos os links que estão aqui, estão linkados também lá.

***

1.7.08

If Only - primeira parte


depois da longa conversa ele se levanta rápido apontando para o fundo do café. ajeita o chapéu já de pé e caminha ate o banheiro nos fundos. ela, ao ver o garçon passando, pede a conta que gentilmente faz que sim com a cabeça e limpa a mesa. ela observa os quadros na parede, mas logo cansa e se volta pras fitas e pro gravador velho que gravou toda a conversa. enquanto os organiza na mochila, de tempos em tempos volta o olhar para os fundos, procurando por ele - que demora! - ela pensa. o garçon aparece com a conta e pergunta se quer que ela espere por ele, ela diz que não baixinho deixando o garçon um pouco confuso, mas logo o entrega seu cartão,

- pode por tudo aqui e obrigada!

assim que o garçon se vai, steve volta sem o chapéu e se senta a frente dela.

-cadê as xícaras, camis?
-o cara já levou, cê ainda tava tomando?

-não, mas achei que a gente fosse ficar mais tempo.

-não posso! a cachorrada ta la em casa passando fome!


o
garçon volta com o recibo e a caneta pra ela assinar, steve leva um choque e pergunta porque ela pagou tudo sozinha, ela só sorri e assina. o garçon agradece e ela tira da bolsa uma nota de dez dólares e põe debaixo do cinzeiro.

-ta pronto?

-to.

eles se levantam e ele prontamente pega a mochila dela e a coloca nas costas. enquanto eles caminham o silencio começa a ficar um pouco desconfortável.

-você esta vindo comigo pra casa?
-humm... acho que sim! vou te ajudar com essa mala aqui, ta pesada.
-ai não precisa se for por isso!
-precisa sim!


eles sorriem, mas ela não consegue olhar para os seus olhos. esta bem frio e as folhas que caem nesse começo do outono parecem que vem de todas as dire
çoes. ela observa a sombra dele na calcada, misturada com a dela e pensa que e a perfeita combinação de massas... sorri enquanto ele tira do bolso algum dinheiro, tentando fazer com que ela não perceba coloca as notas no bolso da mochila, no entanto, ela percebe e finge não notar.

-
é aqui.

ele caminha logo atrás dela enquanto o vento fica mais forte. com uma certa dificuldade abre o portão de uma casa pequena e muito antiga. ela pede pra que ele a siga ate os fundos:

- a porta da frente é um saco de abrir!

ao chegarem no quintal um dos cachorro de camille começa a latir e abanar o rabo,
é um belo pastor australiano. steve hesita mas se sente confortável quando percebe que o cachorro também esta feliz com a sua presença.

- cê quer entrar e tomar algo? eu tenho aquele livro do Thoreau que eu te falei? quer que eu pegue?

-seria otimo!


ele entra meio sem graça e da de cara com a cozinha mais aconchegante em que já esteve. ainda com a mochila nas costas observa os quadros na parede, a forma em que todos os objetos estão postos, a grade na parede com temperos de todos os tipo, os livros de culinaria e na geladeira algumas fotos e imas diferentes. um chama a sua atenção, ele chega mais perto pra ler novamente.
"não questiono a existência humana, mas suas necessidades modernas" e logo abaixo as inicias S.E.

camille logo aparece de volta na cozinha com o livro na mão e se depara com ele observando a geladeira.


-o livro esta aqui, Steve. -- sem resposta ela tenta mais uma vez - STEVE?

-sim... opa, obrigado!
-você quer algo pra beber? cê bebe algo que não seja vinho!?

-não! você tem vinho?

-tenho...


em duas taças completamente diferentes uma da outra ela põe um pouco do vinho tinto que tinha na geladeira.


-chileno?
-sim!

-muito bom...

-põe a mochila no chão, ninguém vai rouba-la de você aqui!

os dois dão risada e ela caminha para a sala de estar. sem o peso nas costas ele a segue com e fica ainda mais maravilhado com o que vê, a casa inteira parece que saiu de um filme bom. toda a arte na parede era relacionada a musica, as cores e o aroma da casa o fazia sentir como se não precisasse pedir licença. ela pede pra que ele se sente e fique a vontade e acende duas velas sobre a mesa que tem o seu computador com fotos como prote
ção de tela e vai dar comida aos dois cachorros. ele bebe o vinho e folheia o livro. la fora vai escurecendo e para sua surpresa, steve se depara com um grande cachorro branco, ao seu lado, lambendo suas patas. ele sorri e passa mão nessa grande mistura de husky com pastor alemão.

-como
é o nome dele, camis?
-é fácil!
-
é?
-sim... advinha!

-ai não faz isso!
-vai, cê consegue.

ela senta ao lado do cachorro que logo passa a lamber as mãos da dona.
-wolf?
- não!
-buddy?

-credo! eu la tenho cara de por esse nome em cachorro?

-não... haha

-então!


ele coca a cabeça, olha para o cachorro, olha pra ela e não consegue pensar em outro nome...


-meu deus, steve! ta na cara!

-o que!?
-cê não viu aqui a coleira dele? tem o nome GIGANTE escrito!

desacreditado ele se volta para o cachorro e percebe o nome em letras garrafais: BUBBA.
os dois dão risada e ele a conta sobre seus cachorros em sua casa e como eles são completamente indisciplinados. ela o observa, o vinho começa a deixar-la com o olhar mais doce, os olhos dele parecem de sonho - quanto tempo ela esperou para te-lo tão perto, e que honra sentia quando ele chamava o seu nome. algum tempo se passara e ele se levantou para pegar mais vinho. da cozinha ele grita:

- essa frase
é minha, camis!
- a que esta na geladeira?
-
é!
- sim... você tinha que ver meu quarto!

o silencio acompanha a ultima frase dela, e logo ele surge da cozinha com os olhos arregalados:

- o que você falou!?
- você TEM que ver meu quarto.

ele sorri, traz as duas taças cheias e com uma Mao entrega uma delas à camis enquanto com a outra puxa a mão dela como se pedisse para se levantar. sem palavras ela olha pra ele e fica de pé, logo pensando que não deveria ter falado o que falou.

- o que? - ele faz um sinal com a cabeça e com os olhos como se pedisse "vamos la" - o que? quer ir no..? - ele faz que sim com a cabeça e toma a taça inteira de vinho de uma vez.

mão com mão, ela o leva at
é o quarto.

-não assusta que eu não sou tão esquisita assim...

ela abre a porta e acende a luz, a principio um quarto de uma mulher jovem, mas ao mesmo tempo cheia de historias pra contar. pinturas, fotografias, livros... roupas espalhadas no chão, não aos montes, apenas mostrando como demorou pra se arrumar para vê-lo... a mão dele aperta com forca a mão dela ao ver um poster enorme dele na porta de dentro do armário, que estava aberta, escancarada... como o peito dela estava agora para ele. só agora, nesse minuto, só nesse começo de noite fria mas que queimava a boca do seu estômago como nunca havia queimado antes...

ele tomou a taça de sua mão e a colocou no chão. os seus olhos não paravam de encontrar fantasias no olhar dela, de repente ele o viu ali, dentro dos seus olhos castanhos brilhantes.

-você trancou a porta?
-não...

a respiração era afobada, os corpos eram imas e nada mais cabia naquele quarto a não ser o querer...



CONTINUA...